sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O tal do som digital

Que é humanamente-financeiramente-espiritualmente impossível acompanhar a tecnologia, todo mundo sabe (a não ser que você seja um new emergente, herdeiro de uma fortuna à sua espera ou ainda golpista-do-ano-esperando-o-cônjuge-bater-as-botas). Mas, quando você consegue alcançar alguma coisa, vale a pena todo o esforço (ou não, dependendo dos casos descritos acima). 

Uma dessas maravilhas tecnológicas a que eu consegui...er...ultrapasar, ainda continuando com a analogia imbecil de corridas, foi um aparelhinho mágico que consegue ler e reproduzir som digital. Se você não é familiarizado com esse tipo de coisa, saiba que filmes, shows, programas de tv, etc. são masterizados com alguns tipos de sons. O mais comum deles, quando você olha, por exemplo, na contra capa de filmes em DVD's, na parte de opção de áudios, é Dolby Digital. O DTS, ou Digital Sound, é o de mais nítido e cristalino em termos de som que você pode encontrar. Claro, em termos de DVD, pois o Blu Ray está aí se popularizando, com opções de DTS HD (lembra de como é difícil acompanhar a tecnologia?). 

Então, se você tiver um home-theater em que o DVD consiga ler esse tipo de opção de aúdio, você pode desfrutar de uma outra experiência em termos de assistir filmes em sua casa. Vai por mim, um Resgate do Soldado Ryan, com som digital, vai te fazer, realmente, se sentir em uma guerra.

O melhor, entretanto, fica por conta dos shows em DVD. Tudo fica mais audível  e pereptível aos seus ouvidos. Você consegue ouvir melhor os instrumentos, a voz do cantor ou cantora fica ainda mais bonita, e você pode escutar até mesmo as manifestações daquele(a) empolgado(a) da platéia.

E falando sobre shows, eu gostaria muito, mas muito mesmo, que isso aqui fosse lançado com som DTS:


Dica: quando você for comprar DVD's, veja na contra capa se existe a opção de áudio com DTS. É mais comum em shows do que em filmes. Vale a pena. 




quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Médio

Quando eu tinha mais ou menos doze anos de idade, eu comecei a jogar vôlei. O que começou sendo apenas uma forma diferente e divertida de se fazer exercício físico, acabou virando coisa séria, pelo menos na  minha cabeça pré-adolescente. Já assim bem jovem, eu traçei planos para a minha vida profissional como jogador de vôlei. Algo que só ganhava força com o apoio de amigos e colegas, e com a insistência e certeza dos treinadores em me colocar como levantador, mesmo contra a minha vontade (eu queria mesmo era ser atacante).

Apesar da vontade ter diminuído um pouco no decorrer da minha adolescência, ela sempre ficou ali latente. Eu já não tinha tanta certeza assim sobre ser jogador, ainda mais agora no começo da faculdade. Entretanto, nada impedia uma tentativa de conciliar, pelo menos por um tempo, as duas profissões. E lá fui eu tentar uma vaga no time de vôlei da Universidade Católica de Goiás (hoje PUC)...e fracassar de forma vergonhosa. Eu não sabia na época, mas esse foi o primeiro sinal de que eu teria uma vida bem mediana. 

Eu sempre me considerei muito habilidoso em jogar vôlei. Eu me comparava com outros colegas e me achava bom. Quem me assistia confirmava esse fato, e até mesmo alguns treinadores me elogiavam. E fui crescendo com essa certeza...até o dia em que competi com mais uns vinte caras. Foi aí que eu percebi uma verdade universal: você pode até ser bom em alguma coisa, mas não é o único.

Daí (depois da frustração de não ter entrado no time), comecei a pensar em toda a minha vida até então e fui percebendo uma certa constante: eu nunca fui excepcional em nada. Na escola, nunca fui aluno nota 10. Não era mau aluno, claro, mas o máximo que conseguia era média para passar de ano (nem em redação eu me dava muito bem). Na faculdade, foi a mesma coisa. No trabalho, faço as coisas com responsabilidade e ética, mas nada que me faça destacar dos outros. Fisicamente, nada de muito diferente, também. Sei que não sou feio, mas também não sou lindo de morrer. Não sou baixinho, mas também não tenho aquela altura que faz impressionar. Não tenho olhos claros, barriga tanquinho ou qualquer coisa que cause inveja ou admiração. Intelectualmente, não sou obtuso. Mas, novamente, minhas opiniões não são aquelas que vão te fazer mudar de idéia.

Tudo, assim, bem mediano.

E se eu olhar bem para esse blog, e, mais especificamente, para o número de visitas, comentários e seguidores, eu só posso chegar a uma conclusão inevitável: a minha escrita também é mediana. E olha que eu nem estou mencionando os mais de nove blogs (fracassados) que eu já tive nessa minha vida virtual. Claro que isso seria motivo suficiente para desistir de mais um, mas eu não vou. 

Acredito que, finalmente, eu esteja aceitando o fato de ser mais um nessa multidão tão igual. E em blogs, mais um (muitos, no meu caso) nessa blogosfera. O fato é que escrever me acalma, me distrai e me ajuda a esvaziar a cabeça, muita das vezes, cheia de coisas. Se não é extraordinário...bom...é porque eu não sou. E que assim seja. 

Eu vou continuar por aqui escrevendo as minhas coisas medianas e dando minhas opiniões medianas . E, se alguém me elogia (nas poucas vezes que isso acontece), eu guardo com a maior gratidão. Eu não coleciono elogios como eu vejo em blogs por aí. Os meus são diamantes. Raros, mas valiosos.

Sabe, é toda essa coisa de ter vinte e poucos anos. É esquecer, completamente, essa vida que você imaginou que teria quando adolescente,e começar a viver a que é possível. Dizem que a vida começa aos trinta mesmo...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Aprendendo a dizer adeus

Charlotte e Bob Harris passaram uma semana em Tóquio. Entre pessoas estranhas, lugares nada familiares, relacionamentos perdidos com família e respectivos cônjuges, conseguiram alcançar uma intimidade e ligação tão forte, que a grande maioria das pessoas jamais vão experimentar.

Mesmo assim, mesmo se sentindo tão a vontade, mesmo não temendo represálias e pré-julgamentos (algo que só é possível quando compartilhamos sentimentos, receios e ansiedades com pessoas que realmente nos entendem), Bob Harris não consegue dizer mais nada além de "devolva meu casaco" como despedida. Um abraço constrangedor, pose para fotos, um último olhar de relance, corrida de táxi em direção ao aeroporto. E seria o fim de uma história.

Seria, não fosse uma coincidência-destino. Bob vê Charlotte em uma das calçadas, pede ao taxista que pare o carro e corre em direção a ela. E, finalmente, se despede de forma decente. Um abraço de verdade, um beijo de verdade e palavras sinceras em um cochicho. Bob aprendeu a despedir.

E o que mais me chamou atenção, depois de ter reassistido Encontros e Desencontros pela incontável vez, foi a cara de alívio e satisfação de Bob ao entrar no taxi depois da despedida (ponto para Bill Murray, grande ator). E me peguei a pensar: quantas vezes deixamos de contar às pessoas como elas são importantes? Quantas oportunidades perdemos de declarar aquilo que sentimos, por qualquer razão que seja? Quando foi que o medo da rejeição tomou conta de todo o potencial para ser feliz? É tudo uma questão de sorte ou azar. Bob arriscou, e foi embora para casa mais feliz. E, mesmo que a velha rotina, o trabalho, a distância e a volta da racionalidade diminuam tudo que eles viveram nesse lugar diferente, sempre vai existir aquela certeza de que um sabe exatamente o que outro significa. Porque eles tiveram a audácia de dizer.

Quantas pessoas sabem o que você realmente sente por elas?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Amy Winehouse Pocket Show

Se eu fosse multi-milionário (ou pelo menos tivesse uma quantia em dinheiro bastante generosa na minha conta...veja bem, não sou tão exigente), eu iria contratar a Amy Winehouse pra fazer um pocket show aqui em casa. Podia ser até mesmo na sala. O quintal seria o melhor local, já que é mais espaçoso, e eu poderia chamar uns conhecidos que gostam do som da moça, e compartilhar esse momento único da minha vida de recém-cheio-da-grana.

Mas acho que o ideal mesmo seria esperar meu aniversário em Novembro. Daí eu fecharia meu restaurante favorito aqui em Goiânia para meia dúzia de convidados (avalie o tamanho do meu círculo social, queridos onze leitores), colocaria a Amy e seu guitarrista de preferência em um mini palco, e pediria a ela que cantasse a seguinte track list:

Pra começar, Take The Box porque simplesmente tem uns três meses que a música não sai da cabeça.




Continuando com o clima heart broken, Love Is a Losing Game:



Pra terminar com clima coração partido, Black to Black:




Depois, uma mais animada: You Know I'm No Good.




E terminando com chave de ouro, Valerie:




Isso porque cantores e cantoras que eu realmente gosto não precisam de mais nada do que voz e um violão. E, claro, muito talento.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Jack Johnson - To The Sea

Volta e meia, isso sempre acontece. Você descobre aquela banda/cantor(a), se apaixona pelo som, espera pacientemente pelo novo trabalho e...toma na cara! Isso porque mudaram completamente todo o estilo e tudo o que te resta é se perguntar porque os seus ídolos musicais surtaram por completo. Né, Jack Johnson? NÉ?

Claro que eu entendo todo o argumento de que artistas seguem uma evolução natural com suas respectivas obras, e que o caminho que isso leva nem sempre é o que os fãs esperam (ou pior ainda: querem). Respeito o fato que eles queiram mudar, arriscar outras coisas, pôr idéias novas em prática. Mas...a grande verdade é que eu tenho toda uma história com Jack Johnson. Mais especificamente, um apego meio que emocional com o som de início de carreira do cara.

Foi mais ou menos assim: era quase final de 2003 (ou seria começo de 2004), eu andava pela parte de CD's da Saraiva MegaStore quando reparei que tinha um tal de Jack Jonhson pra ouvir naqueles terminais. Resolvi arriscar...e thank you, Lord! Fui ouvindo um pouquinho de cada música do album On and On e pensar: uau, é esse tipo de som que eu realmente gosto. Comprei o CD ali mesmo, e a partir daí redirecionei o meu gosto musical. Passei a ouvir coisas bem mais calmas, quase acústicas, e cada vez menos coisas que envolviam riffs de guitarras. Foi o começo do fim do rock'n roll pra mim.

Em outras palavras: encontrei Jesus. Praticamente. Um mês depois, emendei com o primeiro, Brushfire Fairytales pra ter mais do som do havaiano. Gostei mais da maturidade do segundo album, das letras mais sarcásticas e algumas até mais politizadas. Um ano depois, sai In Between Dreams e Jack estoura no país com o single Sitting, Waiting and Wishing. O terceiro CD foge um pouco da pegada lual do segundo, e começa a introduzir mais instrumentos (piano aqui, uma guitarra elétrica leve acolá). Em 2008, Johnson lança o Sleep Through the Static. Com sonoridade mais básica do que os anteriores, o cantor começa a colecionar críticas de que todos os CD's soam o mesmo. O que pra mim, não foi defeito algum. O que mais gosto nele é justamente essa previsibilidade. Sei que vou escutar algo que tenho certeza que vou gostar.

Mas, aparentemente, Jack Johnson levou a sério as críticas. E resolveu mudar, colocando logo uma guitarra levemente distorcida em You And Your Heart, que abre o último album, To The Sea. A mudança no som continua notável na No Good With Faces. E você percebe que Jonhson quer realmente ser versátil com When I Look Up, que é quase uma light-rock-trilha-sonora-para-filme-adolescente. Claro que, mesmo sendo esse tipo de cantor diferente, Jack Johnson continua com aquela carecterística que o torna notável: faz músicas irresistíveis, mesmo não sendo o que estamos acostumados. E ainda para descontentes cheios de mimis como eu, ainda tem The Upsetter; Red Wine, Mistakes, Mythology e Anything But The Truth com o Jack que amamos: voz, violão e um som dos mais gostosos de se ouvir.

*Em tempo: Jack Jonhson fez a trilha sonora do desenho George Curioso em um CD intitulado Sing-A-Longs and Lullabies for the Film Curious George, que tem músicas para crianças das mais geniais possíveis. Viciante.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Gotan Project - La Revancha del Tango Live

Daí tinha esse cara francês, que conheceu um suíço, que fez amizade com um argentino. O trio recém formado tinha duas paixões em comum: eram DJ's e nutriam um amor incondicional pelo tango e toda a cultura argentina. Um dia, tiveram uma grande idéia. Resolveram misturar o ritmo inconfundível do tango com as batidas leves da música eletrônica. Disso, surgiu uma das coisas mais bacanas que meus calejados ouvidos entraram em contato nos últimos anos: Gotan Project.

Tive meu primeiro contato com o som multicultuaral dos rapazes em uma visita a um restaurante mexicano aqui em Goi(boi)ânia (sim, temos mais opções de lazer além de ouvir sertanejo). O DVD que eu vou falar daqui a pouco estava rolando nas televisões, e eu tive que simplesmente perguntar ao proprietário qual o nome daquilo. Na mesma madrugada, eu comecei a baixar a discografia loucamente, e foi paixão à primeira ouvida. E correspondia.

Mas, por mistérios insolúveis, eu me esqueci completamente que havia um DVD do Gotan Project, apesar de ter sido esse o meio pelo qual eu descobri o som. Fato que foi compensado há duas semanas. E uma coisa já adianto: além de ser uma experiência auditiva fantástica, o DVD vai além, complementando com um banquete visual de hipnotizar qualquer um.

"Como um show de DJ's pode ser tão bom?", suspeitariam alguns. Respondo: usando da supresa. Obviamente que um show com três DJ's não seria dos mais interessantes, então resolveram inovar. Cobriram a frente do palco com um telão transparente, e nele são projetados filmes e imagens históricas sobre o tango e Argentina. De forma gradual e lenta, o telão vai subindo e você vai vendo melhor aquilo que torna o Gotan Project único: a banda. Músicos talentosíssimos acompanham os DJ's em todas as apresentações. Por si só a banda já valeria o show (coisa que você pode conferir em um dos extras do DVD). Finalmente, o telão desaparece e a apresentação chega ao clímax. Instrumentos musicais se misturam aos eletrônicos, e o ritmo que resulta disso contagia qualquer um que está perto.

Não bastasse isso, existe um extra em que você pode conferir todos os bastidores da gravação do penúltimo CD do Gotan, e ter mais insights de como é o processo criativo. Ainda tem um alguns vídeos de bastidores da turnê ao redor do mundo. E, além disso, o DVD vem com um livretinho contando um pouco da história do projeto e os créditos do show (e vale mencionar que toda a embalagem é lindona?)

Música mais do que recomendada pra se ouvir e assistir em seu DVD.



segunda-feira, 31 de maio de 2010

Lost - The End.

Acabou. Chegou ao fim uma das séries mais populares dos últimos anos, verdadeiro fenômeno internacional, responsável por quase uma histeria coletiva pelos inúmeros mistérios levantados, conexões entre os personagens, ficção-científica, religião e vários outros elementos igualmente estranhos.

Pessoalmente, terminou a minha série favorita de todos os tempos. Nunca outro programa de TV me fascinou e me intrigou tanto quanto Lost. Aliás, vai ser difiícil outro enredo de qualquer outra plataforma artística me fisgar como o da série criada por J.J. Abrams, Damon Lindelof e Carlton Cuse (esse dois últimos, as cabeças pensantes por trás de tudo). A ponto de contar os dias para o próximo episódio, a ter reações...errr...digamos hostis contra o aparelho de TV a cada season-finalle (ah, o da terceira temporada jamais sairá da minha cabeça), a acompanhar blogs e foruns de discussões na internet para entender melhor a história, e a comprar os DVD's originais e reassistir várias vezes só pra não perder os detalhes que passaram desapercebido na primeira assistida.

Mas, apesar disso tudo, e ao contrário da imensa maioria dos telespectadores, o que mais me chamou a atenção em Lost não foi tanto os mistérios ou o clima surreal. Mas, sim, os personagens ricos e complexos e as suas histórias anteriores à chegada na ilha. Lembro a primeira vez que assisti ao Piloto da série (aliás, uma das coisas mais bacanas já vista por essa pessoa que vos escreve), achei aquela coisa do monstro bizarra demais. Mas, daí começaram os flashbacks das personagens no voô e tudo ficou interessantde de fato. As coisas só foram melhorando nas outras temporadas, onde a história dos passageiros do voo 815 da Oceanic iam sendo mais detalhadas. E confesso que muita das vezes me peguei querendo saber, por exemplo, mais sobre como Locke ficou paraplegico do que o que eram os números ou o monstro de fumaça.

Por isso, não me incomodou tanto o final totalmente voltado aos personagens. Claro que fiquei frustrado por alguns mistérios sem elucidação, ou outros com apenas pequenos insights. Mas, o que mais me atraía em Lost não eram as respostas a tudo (principalmente, as racionais como tanta gente esbraveja por aí nos tratados anti-Lost que viraram moda depois do fim da série) e sim justamente o estado de desorientação e curiosidade em que os roteiristas me deixavam a cada grande acontecimento. E, claro, como tudo se encaixava com as personalidades e histórias das personagens. Lindelof, Cuse e toda a equipe de roteiristas foram mestres em encaixar na medida certa os mistérios e os dramas. Contou muito, além disso, o fato de sempre reinventarem a forma de contar toda a saga dos passageiros do Oceanic 815 na ilha, e manter o interesse nesses últimos seis anos. Interesse que, pra mim, sempre foi as pessoas que estavam naquela ilha. E como foi bonito perceber como todos mudaram e evoluíram até o último episódio. Sim, foi uma saga.

Me irrita ler por aí pessoas dizendo que assistiam Lost pelos mistérios. Pode ser. Mas, o que te segurou até o final foi Jack, Kate, Sawyer e cia. A ABC até que tentou criar uma outra série misteriosa, a tal de FlashForward, com personagens caricatos e rasos. Deu no que deu: cancelamento depois de uma temporada. Lost sobreviveu pelo drama e carisma dos personagens que acompanhamos por esse tempo todo.

E agora fica a pergunta no ar: quando é que outra série vai se tornar um fenômeno e mobilizar tantas pessoas e discussões tão apaixonadas quanto Lost conseguiu fazer? É esperar e torcer...