sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Orgulho e Preconceito


Vivendo e aprendendo com os filmes. Você assiste um há um certo tempo atrás, mas por algum motivo (talvez uma certa falta de maturidade, ou uma interpretação errada), não consegue compreender a dimensão de tudo. É incrível o que alguns anos a mais podem fazer. De repente, um filme que você jamais imaginou que fosse significar alguma coisa, te ajuda a enxergar a sua vida com olhos mais apurados.

Um desses casos foi Orgulho e Preconceito, a adaptação mais recente do livro, dirigida por Joe Wright. Sim, eu sei que Jane Austen foi mais ou menos a percursora do gênero cinematográfico mais clichêzento de todos os tempos (e, consequentemente, o mais odiado pela esmagadora maioria dos homens): comédia romântica. E, sim, o filme é basicamente sobre um cara rico, bonitão e bem educado que se apaixona por uma moça sem muitos recursos (o sonho de qualquer mulher, obviamente). E que tudo se resolve com um beijo sob o pôr-do-sol (nível de açúcar subindo!), mas tudo é feito de forma tão sútil, sem exageros cinematográficos e de forma tão verossímel que o filme consegue atingir até mesmo o maior dos brutamontes sem coração. E não vou falar na fotografia das mais belas, que dá vontade de dar "print screen" e colocar como papel de parede no seu computador. E nem no elenco dos mais afinados (até mesmo a sem gracinha da Keira Knightley) e da trilha sonora maravilhosa.

Mas, sempre existe aquele componente subjetivo nos personagens que você se identifica na hora. Filmes impecáveis tecnicamente existem aos montes, mas aqueles com enredos e personagens com os quais você compartilha os mesmos pontos de vistas e visão de mundo são poucos. E são esses filmes que, pelo menos pra mim, se tornam os preferidos.

Por isso, quando o Mr. Darcy diz que não tem talento para conversar com pessoas que ele nunca conheceu, impossível não sentir um pouco confortável por não ser o único a agir exatamente da mesma forma. Ou quando a melhor amiga da Elizabeth diz que ela não pode se dar ao luxo de ser romântica porque não existem tantas possibilidades na vida quando se é assim, você se assusta por finalmente perceber que você é exatamente dessa forma. Não é todo dia que você se descobre como romântico assistindo a um filme, e enxerga a vida exatamente como Elizabeth: esperando que tudo aconteça de forma completamente natural, e que todas as etapas da vida sejam respeitadas.

Enrtetanto, é exatamente por esse motivo que continuo gastando grande parte do meu tempo com a sétima arte. É bem melhor (e infinitamente mais barato) ter insights dentro de um cinema do que em um consultório de psicologia. E, como aconteceu em Orgulho e Preconceito, quem sabe na sua vida as coisas não terminem com um final feliz sob a luz do sol?

O trailer:

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Intercâmbio




Existe uma certa "urgência" em todos os sentidos quando você está fazendo um intercâmbio. É, talvez, a única oportunidade de conhecer pessoas de todas as nacionalidades imigináveis, reunidas em um só lugar. Oportunidade igualmente única de trocar experiências e opiniões com pessoas que vivem em ambientes sócio-culturais completamente diferentes do seu. É nessas horas em que você percebe que a sua vida não é tão ruim quanto você pensava, e que o seu país e cidades possuem coisas maravilhosas que você jamais havia percebido. Os seus amigos e a sua família se tornam, de repente, ainda mais importantes pra você, e coisas que pareciam insignificantes antes, agora se tomam importantes. Isso porque você se dá conta, finalmente, que o que torna você ser o que é são justamente coisas pequeninas, como assistir filmes deitado em seu próprio sofá, ou ir ao seu restaurante favorito.

Coisas desse tipo valem mais do que os preços absurdos que as agências cobram. Mais, muito mais. Você vai descobrindo o tipo de pessoa que você realmente é. Porque, pela primeira vez na sua vida, você está sozinho, e não existem muitas pessoas pra e dizer o que fazer, ou melhor ainda, ninguém pra dizer como você é. Tudo recomeça em um país estrangeiro.

E é por tudo isso que essas pessoas se tornam tão importantes de uma hora pra outra. Quando você está em sua cidade natal, todos que são queridos pra você vão estar do seu lado (pelo menos, por muito tempo...dependendo dos rumos que o destino vai levando). Mas, em intercâmbio, os que embarcam nessa jornada de auto-descobrimento ficam por pouco tempo no mesmo barco. Você se acostuma com alguém do seu lado dividindo experiências das mais bacanas, e alguns meses depois, a pessoa não está mais ali.

Pra aproveitar, então, ao máximo tudo, dá-lhe despedidas, fotos, cartões com mensagens, palavras bonitas ditas no aeroporto, abraços e quem sabe até lágrimas. E o que fica são memórias de momentos inesquecíveis.

Acho que o segredo da volta pra casa é justamente esse: viver a vida como se fosse um intercâmbio. Tentar aproveitar tudo e a todos como se fosse por tempo limitado. E dá-lhe abraços, cartões, despedidas em sua cidade natal.