quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Médio

Quando eu tinha mais ou menos doze anos de idade, eu comecei a jogar vôlei. O que começou sendo apenas uma forma diferente e divertida de se fazer exercício físico, acabou virando coisa séria, pelo menos na  minha cabeça pré-adolescente. Já assim bem jovem, eu traçei planos para a minha vida profissional como jogador de vôlei. Algo que só ganhava força com o apoio de amigos e colegas, e com a insistência e certeza dos treinadores em me colocar como levantador, mesmo contra a minha vontade (eu queria mesmo era ser atacante).

Apesar da vontade ter diminuído um pouco no decorrer da minha adolescência, ela sempre ficou ali latente. Eu já não tinha tanta certeza assim sobre ser jogador, ainda mais agora no começo da faculdade. Entretanto, nada impedia uma tentativa de conciliar, pelo menos por um tempo, as duas profissões. E lá fui eu tentar uma vaga no time de vôlei da Universidade Católica de Goiás (hoje PUC)...e fracassar de forma vergonhosa. Eu não sabia na época, mas esse foi o primeiro sinal de que eu teria uma vida bem mediana. 

Eu sempre me considerei muito habilidoso em jogar vôlei. Eu me comparava com outros colegas e me achava bom. Quem me assistia confirmava esse fato, e até mesmo alguns treinadores me elogiavam. E fui crescendo com essa certeza...até o dia em que competi com mais uns vinte caras. Foi aí que eu percebi uma verdade universal: você pode até ser bom em alguma coisa, mas não é o único.

Daí (depois da frustração de não ter entrado no time), comecei a pensar em toda a minha vida até então e fui percebendo uma certa constante: eu nunca fui excepcional em nada. Na escola, nunca fui aluno nota 10. Não era mau aluno, claro, mas o máximo que conseguia era média para passar de ano (nem em redação eu me dava muito bem). Na faculdade, foi a mesma coisa. No trabalho, faço as coisas com responsabilidade e ética, mas nada que me faça destacar dos outros. Fisicamente, nada de muito diferente, também. Sei que não sou feio, mas também não sou lindo de morrer. Não sou baixinho, mas também não tenho aquela altura que faz impressionar. Não tenho olhos claros, barriga tanquinho ou qualquer coisa que cause inveja ou admiração. Intelectualmente, não sou obtuso. Mas, novamente, minhas opiniões não são aquelas que vão te fazer mudar de idéia.

Tudo, assim, bem mediano.

E se eu olhar bem para esse blog, e, mais especificamente, para o número de visitas, comentários e seguidores, eu só posso chegar a uma conclusão inevitável: a minha escrita também é mediana. E olha que eu nem estou mencionando os mais de nove blogs (fracassados) que eu já tive nessa minha vida virtual. Claro que isso seria motivo suficiente para desistir de mais um, mas eu não vou. 

Acredito que, finalmente, eu esteja aceitando o fato de ser mais um nessa multidão tão igual. E em blogs, mais um (muitos, no meu caso) nessa blogosfera. O fato é que escrever me acalma, me distrai e me ajuda a esvaziar a cabeça, muita das vezes, cheia de coisas. Se não é extraordinário...bom...é porque eu não sou. E que assim seja. 

Eu vou continuar por aqui escrevendo as minhas coisas medianas e dando minhas opiniões medianas . E, se alguém me elogia (nas poucas vezes que isso acontece), eu guardo com a maior gratidão. Eu não coleciono elogios como eu vejo em blogs por aí. Os meus são diamantes. Raros, mas valiosos.

Sabe, é toda essa coisa de ter vinte e poucos anos. É esquecer, completamente, essa vida que você imaginou que teria quando adolescente,e começar a viver a que é possível. Dizem que a vida começa aos trinta mesmo...