terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Quase Famosos


"Elas não sabem o que é ser fã, sabe? Amar tanto uma música ou banda que chega a doer", comenta uma das personagens de Quase Famosos, o filme mais autoral do diretor Cameron Crowe (que depois disso só fez coisas contrangedoras do nível Elizabethtown e...irgh!...Vanila Sky. GOD!). E essa frase resume basicamente o tema do longa: amor incondicional pela música.

Mas, não apenas essa paixão, muita das vezes, platônica. Mas, além disso, todos os desdobramentos da indústria músical, desde a sua produção, passando pelo relacionamento dos artistas com seus fãs e chegando até a crítica musical. O texto sarcástico do Crowe (que só ficou nesse filme mesmo, infelizmente) não perdoa ninguém, mas ao mesmo tempo não transforma as personagens em caricaturas constrangedoras.

Como o caso da groupie Penny Lane, interpretada pela Kate Hudson (um dos poucos papéis de substância da carreira). Seria fácil fazer uma groupie completamente inconsequente e interesseira, mas Cameron prefere criar uma tão carismática, que é impossível não sentir apenas simpatia e torcer por ela. O mesmo pode ser dito sobre os integrantes da fictícia Stillwater (que na vida real seria Led Zeppelin, que o próprio Cameron Crowe seguiu em turnê para escrever uma reportagem especial para a Rolling Stone. E isso quando adolescente. Sim, o cara rules!). Ao invés de retratar o esteriótipo sexo-drogas-rock'n roll (dã!), o diretor-roteirista não esqueceu de, também, deixar bem claro que rock stars podem ser mesquinhos, vazios e mimados.

O melhor, entretanto, fica para a mãe do protagonista, Elaine, com uma das interpretações mais engraçadas da Francis McDormand. É dela as falas mais engraçadas do filme ("Rock stars have kidnapped my son"). E o topo da cereja fica com a personagem do Philip Seymour Hoffman, o editor concorrente da Rolling Stone, Lester Bangs. O diálogo ao telefone entre ele e o protaganista, em fase "stuck" da reportagem, é de cortar o coração ("I'm always home, man. I'm uncool"). E, claro, todo o processo de perda da inocência de William Miller, personagem principal, em um ambiente onde nada é inocente.

E é com Lester que Cameron Crowe fala por si. Que música, muito mais do que passatempo, pode ser um estilo de vida que define toda uma visão de mundo. Mas, mesmo assim, o endeusamento que o show business transformou os artistas só mostra como somos influenciados por uma indústria apenas interessada em uma coisa: fama. Mas, pessoas famosas, ao final do filme, são como outras quaisquer: frágeis e cheias de defeitos.

E que músicas devem ser apreciadas pelo o que elas são: aquela coisa amamos tanto que às vezes chega a doer.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Café!

Uma das coisas que mais sinto falta da Nova Zelândia (quase empatado com "conversar com estrangeiros"; a temperatura de 17 graus em média e as paisagens deslumbrantes) é tomar um café ou capuccino todo santo dia, sem exceções.

Não tanto o ato de beber café (mesmo porque você pode fazer isso sem deixar o Brasil), mas o sim o de ir para essas cafeterias que você só encontra em países estrangeiros. São espaços dos mais aconchegantes e charmosos, propícios para bater um papo descontraído com seus amigos ou com aquela sua paquera, ou então ir sozinho mesmo e colocar a leitura em dia.

São lugares dos mais democráticos, também. Nas cafeterias de Auckland, por exemplo, você podia ver todo o tipo de gente: adolescentes em conversas animadas (sim, adolescentes são iguais em QUALQUER lugar do mundo), asiáticos mexendo obsessivamente em seus celulares super modernos, casais discutindo a relação, executivos fechando negócios, pessoas lendo livros e jornais, pessoas com notebooks, pessoas escrevendo, pessoas observando outras pessoas, e até mesmo professores de Inglês dando aulas individuais.


Existem várias cadeias de cafeterias na Nova Zelândia (e, provavelmente o dobro em países da América do Norte). A minha preferida, disparada, era o Starbucks. Não é babação de ovo em cima de companhia americana, não. E nem que o café seja o melhor que existe (porque não é mesmo). Mas, existe algo de diferente nas lojas do Starbucks. Talvez seja o fato de que existe uma seleção de músicas feita especialmente para combinar com o clima intimista do lugar. Ou o fato das poltranas e sofás dos mais confortáveis espalhados por todo o espaço. Ou o melhor: garçons que NUNCA te incomodam. A coisa que você tem certeza é que você sente tão a vontade, mas tão a vontade, que tardes inteiras dentro de um Starbucks é coisa comum.

Sabe aqueles dias em que não existe absolutamente nada a se fazer, e que o tédio é tão grande que quase se materializa? Então, uma tarde fora da sua casa, lendo um livro, escutando música boa, conversando com gente bacana e tomando um café em um Starbucks (ou qualquer um da sua preferência) pode salvar o dia.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Talento é talento

Todas as vezes que alguém começa o discurso de que odeia a Amy Winehouse, que ela não passa de uma drogada, perdida, com essas atitudes auto-destrutivas e que ela deveria seriamente pensar em um corte de cabelo menos ridículo, eu sempre mostro essa música aqui, cantada ao vivo (e sem truques de estúdio):


Isso porque talento ultrapassa qualquer tipo de coisa, inclusive (e o mais importante de tudo) tabloides senacionalistas da imprensa marrom. E que, apesar de não justificar ou simplificar, artistas têm de ser avaliados e julgados por suas obras em primeiro lugar, e não por suas vidas pessoais.

E que artistas de verdade, mesmo, reais (não aqueles artificiais criados por estúdios e clips com pessoas semi nuas) possuem algo que os tornam diferentes e autênticos: talento. Algo um tanto raro de se encontrar hoje em dia.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Heart broken songs

Tá com o coração partido, meu amigo, minha amiga? Anda com uma paixão aguda que não está sendo correspondida? Tentou, tentou e tentou novamente, mas nada deu certo? Aqui vai uma lista pessoal de músicas que podem corresponder a esse estado um tanto moribundo.

Pra começar, eu poderia indicar o segundo CD inteiro da Amy Winehouse, Back to Black. Composto depois de ter o coração partido (oi?) por aquele FDP-sangue-suga-deixa-a-Amy-em-paz-loser do ex marido, Blake Civil, o album é repleto de músicas que poderiam muito bem se encaixar nesse seu estado vegetativo pós-coração partido. Vou escolher a melhor delas, Love is a Losing Game, que é quase um hino sobre esse tipo de sentimento:


Ainda sobre cônjuges que causam sofrimentos ao coração de cantores-compositores, a Can't Get You Off My Mind, do Lenny Krevitz é uma das músicas nesse sentido que mais doem. Só recomendo em casos moderados.
Aqui vai uma versão acústica porque o YouTube não liberou a versão original (que é ainda mais impactante):


Os Beatles não poderiam ficar de fora, obviamente. Ainda em sua fase "ieieie", com suas letras simples mas ainda assim com conteúdo, o quarteto britânico fez uma versão de Anna (Go To Him) das mais sofridas. Válido para as suas decepções amorosas da adolescência:


Agora você, minha amiga, que levou um pé na bunda daquele cara que não te deu o valor merecido, pode agora exteriorizar o seu ódio ouvindo You Ought Know, da Alanis Morissette.


E, se além de tudo isso, minha amiga, o seu ex ainda te trocou por aquela barangona, talvez seja uma ótima idéia ouvir, também, a versão de Fiona Apple para Ugly Girl:


Mas, se além de ódio, você anda triste e não consegue compreender a situação muito bem, a versão de She's Got You, da Cat Power vai cair como uma luva:


Agora, se você, meu amigo ou amiga, não consegue mais conceber a idéia de sua vida sem a sua respectiva cara-metade, você pode experimentar a versão de Everybody's Gotta Learn Sometimes, do Beck. Quero ver alguém resistir ao "I need your lovin' like the sunshine":


E quando as coisas estiverem muito difíceis sem o seu amado do seu lado, as guitarras melódicas de Lie In The Sound, do Trespasser William vão ajudar (ou piorar):


Mas se tudo estiver completamente sem sentido, sua vida totalmente infeliz e não existe nenhuma esperança de que o seu namorado(a), esposo(a) ou amante volte, a única solução é colocar a versão de Nothing Compares To You, do Stereophonics no "repeat" do seu CD player ou Ipod. (O YouTube não libera o áudio dos vídeos com essa versão da música, então vai a original mesmo cantada pela Sinnead O'Connor):


E se você não sai da tríplice "briga-separa-volta" com o seu amado(a), a melhor pedida é Gravity, da Sara Bareilles. Essa Sara pode soar como uma outra Sara, a Mclahlan, mas pelos acordes de piano, e pela voz, dá pra percber que a briga foi muito feia, tornando essa uma das melhores músicas fossa que eu conheço:


A lista poderia ser ad infinitum...mas vou terminar com uma das minhas preferidas, Awake. Se souber tocar violão, pode tentar fazer uma sereneta e ver como as coisas terminam:


terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Irrelevância Virtual

Se eu pudesse medir a minha relevância virtual comparado a outros sites, blogs, perfis e afins, acho que o número não chegaria aos 20%. Cheguei a essa triste conclusão depois de ter criado uma conta no tal do Formspring.me, aquele negócio em que as pessoas podem fazer perguntas (anônimas ou não) umas às outras.

Eu, do alto das minhas idéias megalomaníacas, já fui imaginando as centenas de perguntas e as respostas super sarcásticas para cada uma delas. Pois, eu, pessoa supostamente inteligente e certamente possuidor de uma certa relevância na blogosfera, obviamente teria muito a que responder, né? NÉ? E qual não foi a minha surpresa quando nem um quarto disso tudo de fato ocorreu?

Daí um certo dèjá vú começou a se apoderar de mim. Ecos de dois blogs completamente ignorados, um Twitter capengando e, completando a pilha de fracassos virtuais, um perfil feito em um site em que o objetivo é fazer perguntas, e que elas malêmal são feitas.

Então, a verdade me atingiu: não sou relevante nem virtualmente. Podem dizer que espero demais das coisas. Que sou muito desassossegado, que tudo isso não deve ser levado a sério nesta intensidade. E dou razão a todos (olha eu de novo escrevendo como se lessem isso aqui...tá vendo?). Ando longe, mas muito, praticamente anos-luz, de uma paz de espírito que tanto almejo. E dentro dessa paz é aceitar o fato de que o que realmente importa não é uma relevância geral, mas sim que você seja importante e relevante pra uma ou duas pessoas. Daí, eu dormiria noites inteiras sem problemas, como um bebê.

Até lá, fico aqui me recolhendo em minha insignificância até ter a coragem suficiente de deletar toda essa vida virutal enfadonha e sem sentido.