segunda-feira, 2 de março de 2009

Na Natueza Selvagem


É impossível ficar indiferente ante a figura de Chris McCandless. Nascido em família financeiramente bem estruturada; aluno brilhante; inteligentíssimo; bonito; com futuro promissor depois de anos dedicados a uma brilhante passagem pela universidade, resolve jogar tudo para o ar, doa sua poupança para caridade, pega seu carro velho (e depois o abandona) e some no mundo, sem dar notícas a ninguem, sua família inclusa. É encontrado dois anos depois, morto, em um ônibus abandonado no meio da mata no estado do Alasca. Talvez por ser uma daquelas figuras que, de fato, faz algo que a grande maioria das pessoas apenas deseja fazer, ou talvez por ser um daqueles poucos que querem resgatar aqueles velhos valores há muito esquecidos nessa sociedade um tanto nociva, ou talvez por provocar justamente o sentimento contrário (de que ele não passava de um egoísta, megalomaníaco e tolo), o fato é que McCandless, de uma forma ou de outra, fascinou e intrigou uma legião de pessoas.

Uma delas foi Sean Pean, de forma tal que escreveu e dirigiu Na Natureza Selvagem. Fato que provou, pelo menos pra mim, que além de um grande ator (ganhou o segundo Oscar da carreira recentemente) é ótimo roteirista e diretor de mão cheia. O filme tem todas qualidades que fazem dele excelente: elenco afinado (Emilie Hirsch provou ser mais do que ator teen), trilha sonora exclusiva de Eddie Veder e roteiro enxuto e comedido nos momentos certos.



Mas, é no livro que inspirou o filme é que se tem uma experiência mais profunda na vida e na jornada mortal de MacCandless. Apesar de todas as qualidades listadas acima, o filme não deixa esconder uma visão um tanto determinista de que a família de Chris foi a responsável por todas as suas ações até a decisão de sumir pelos EUA. Não chego a culpar Sean Pean (aliás, quem sou eu pra falar algo do cara? Talvez só pelo fato de ter batido na Madonna, pois não se bate em mulher, mesmo que ela seja a Madonna. Mas, isso é pra outro post), pois não existe como frear a vontade de se buscar uma explicação para o que McCandless fez. Aceito todas as liberdades criativas. Entretanto, pelo livro do jornalista Jon Krakauer a imagem que se tem da família é de uma amorosa e orgulhosa de seu filho de currículo impecável. Nada de brigas homéricas como as mostradas no filme. O que se nota pelo livro é um McCandless cada vez mais recluso em si mesmo, cada vez mais se sentindo inadequado em uma sociedade a qual não queria pertencer. Enfim, de um rapaz com problemas, sim, mas com ele próprio e com ninguém mais.

O livro só se perde um pouco quando o autor resolve compartilhar as suas próprias experiências de isolamento quando também era jovem (não é tão interessante quanto a de Chris), mas os "bonus" que se tem apenas no livro (como o final de partir o coração em que o autor acompanha os pais em uma visita ao ônibus onde o filho foi encontrado) o fazem valer mais a pena do que o filme.

Mais do que recomendado.

Um comentário:

Luiza Terpins disse...

Também achei meio desnecessária a parte em que Krakauer conta sua aventura. Ficou meio cansativo, volta e meia eu pensava "tá...legal...mas eu comprei o livro pra ler sobre o McCandless, não?" hehehe! De resto, curti o livro e o filme. E a trilha sonora não poderia ser outra. Tem tudo a ver com as cenas.