segunda-feira, 22 de junho de 2009

Saudade de um filme.

Geralmente saudade é um sentimento ligado a pessoas, animais, determinadas épocas da vida ou qualquer outra coisa que evoque essa certa nostalgia gostosa de se lembrar. Entretanto...saudade específica de um filme é algo relativamente novo, até mesmo para mim.

Dia desses, do nada, me deu uma vontade enorme de assistir (pela enésima vez) Encontros e Desencontros. Gosto de reassistir todas as vezes em que a vida parece um tanto sem sentido, quando nada parece ser muito importante e, principalmente, quando perco completamente a fé nas pessoas. Mesmo sendo ficção, a história de duas pessoas totalmente perdidas (tanto no sentido figurado quanto no literal) em um lugar estranho que, sem interesse algum, sem pedir nada em troca, conseguem uma ligação especial, me dá esperança de continuar. O problema é que lembrei que havia dado de presente a minha cópia do filme a uma pessoa especial, com a qual tive uma espécie de mini Lost in Translation. Daí, veio a saudade.

A primeira vez que assisti ao filme eu tinha acabado de chegar a casa dos vinte anos. A identificação foi quase que imediata com a personagem de Scarlett Johansson. O estar "preso", sem saber o que fazer da vida e, mais uma vez, não ter a certeza de ser bom em nada foi uma sensação quase bizarra de que a diretora e roteirista Sofia Coppola tivesse se baseado em mim (a única diferença é que ela teria me transformado em mulher, loira, peituda e gostosona...mas só pra disfarçar). Mas, mesmo assim, foi preciso um certo tempo pra considerar o filme como o meu preferido (pelo menos da minha parte....errr...adulta, se é que posso chamar assim). Quatro anos mais tarde, revendo o filme, é que fui perceber que a parte do "encontrar alguém" é o grande chave do longa-metragem.

Ainda não sei explicar muito bem como acontece, mas ao que me parece quanto mais velho você vai ficando, mais difícil é encontrar alguém que você realmente se identifique, que se sinta confortável, que não queria nada em troca além de sua companhia porque ela é agradável. Talvez a superficialidade é proporcional a idade das pessoas, ou talvez seu nível de exigência aumente junto com seus aniversários. O que importa é que cada vez mais fica difícil as amizades, relacionamentos, companhias...e resta uma inquietação.

Enfim...devaneios onde eles não foram chamados. Mas, ilustram por quê gosto tanto filme a ponto de ter camiseta e tudo o mais (quase um nerd-cult eu).

E você? Tem saudade de algum filme?

O trailer:



11 comentários:

Ju B. disse...

Eu sinto saudade simm, de "Antes do Amanhecer". Pelo mesmo motivo que o seu, pela identificação com os personagens. Mas também pela bizarra sensação de ver meu sonho se tornando realidade pra eles. Ainda bem que eu tenho o DVD aqui, pq de vez em quando tenho saudades incontroláveis de certas cenas, hehe... meu blog ainda terá um post dedicado a esse filme.
Quanto a "Encontros e Desencontros", tbm gosto muito, já assisti 2 vezes e pretendo assistir mais, parece que fica mais interessante a cada vez. Adoro esses filmes que tem como tema central uma ligação especial entre pessoas em situações improváveis. Me trazem lembranças de momentos que já vivi e dos que ainda espero viver.

Gabriel Leite disse...

Encontros e Desencontros é, sem dúvidas, o melhor da Sofia Copola. Adoro a forma como ela consegue sintetizar sentimentos tão universais em pequenas "transações" cotidianas.

Tenho muitas saudades de Edward Mãos de Tesoura e A Morte Lhe Cai Bem. Mais por representarem boa parte da minha infância que por serem bons filmes.

Unknown disse...

acho que este é o "problema" do filme, quem não gosta não percebe que o que criticam é a honestidade com que o filme passa a sensação de "perdido" que estão os personagens, não sei o que mais me angustia, se a jovem que ainda não decidiu o que quer ou o velho que não sabe se quer o que escolheu. Tenho saudades desse filme também, porém o que mais sinto falta é 2 Hannah e suas irmãs" de Woody Allen. O filme mostra com honestidade naturalmente absurda as relações cotidianas e em família, as irmãs perdidas e o desenvolvimentos dos relacionamentos são outro charme a parte. Há um filme novo que tem muita semelhança, "amigas com dinheiro" com jennifer anniston, muito bom também.

Iago disse...

iagocabanelas@hotmail.com

Caio Jaeger disse...

Talvez a saudade seja relativa ao gostar de si em tempos já passados. Não sei bem ao certo se realmente é mais díficil encontrar alguém com o passar dos anos, talvez seja mais díficil deixar de lado as coisas que nós mais gostamos em nós e passarmos a dedicar um pouco do tempo para alguém. Acho que é essa é alguma concepção do filme.

Unknown disse...

Eu nem precisei chegar a casa dos vinte anos para ter essa sensação de estar presa e sem saber o que fazer da vida.Já me sinto assim há um bom tempo,e só tenho 16 anos.Vou procurar esse filme.Gostei da história.
Ah,tenho saudades de vários filmes.Tpo:"Pocahontas"(e metade dos musicais da Disney), e de classicos como "Singing in the rain".
Também tenho saudades de muitos livros.De alguns,porque sumiram, e de outros porque eu sei que nem adianta tentar ler,eu não vou ter a mesma sensação que eu tive há cinco anos atrás.
Enfim,adorei o blog.

Beijobeijo

Indira

Ana Paula disse...

Adivinha só, tô vendo o filme agora.
Seu post tocou no meu momento lost (quase uma looser) e estou revendo o filme.
Ana Paula

Camila Mello disse...

nossa, esse seu post me emocionou muito!
entendo completamente todos esses sentimentos.
lost in translation não é apenas um título, é um estágio da vida pelo qual todos passamos, uns sobrevivem sem sequelas, outros fazem desse estágio uma etapa longa e alguns (como eu) ficam tão perdidos que chega a doer.

obrigada pelas palavras,

camila.

Luiza disse...

Lost in Translation é ótimo! Tenho o DVD e já o assisti algumas mil vezes. Esses tempos fiquei com saudade de assistir Closer. Esse também é genial.

Bárbara Ribeiro disse...

Engraçado como cada filme cai pra cada um de uma forma diferente... Provavelmente cai da forma que a gente mais tá precisando naquele momento. Esse filme pra mim foi o começo de uma era de desapego. Totalmente o oposto de vc. Deu vontade de assistir de novo.
Beijo

Iza disse...

André!
Sou suspeita pra dizer (porque é meu filme favorito de todos os tempos) mas achei lindo o seu post. As pessoas têm essa estranha mania de achar efeitos especiais, explosões e violência emocionantes. Pra mim não interessa um homem se jogando de um penhasco, agora joga um pouquinho de realidade em cima pra ver o que me acontece, me derruba, perturba, destrói (da melhor forma possível).
Lost in Translation é sempre um baque.
Amei particularmente o trecho "Talvez a superficialidade é proporcional a idade das pessoas, ou talvez seu nível de exigência aumente junto com seus aniversários. O que importa é que cada vez mais fica difícil as amizades, relacionamentos, companhias...e resta uma inquietação"
Abraços,
Iza.