quinta-feira, 6 de maio de 2010

Médicos - A Tortura

Se eu fizesse um Top 5 de coisas que eu mais odeio fazer na vida, "ir ao médico" com certeza ficaria no pódio, quase colado com "ir ao banco", "dar banho no cachorro" ou "andar de ônibus". Mas, enquanto esses três últimos só causam transtornos quase mecânicos, o primeiro deixa sequelas duradouras e sua paciência cada vez menor. A diferença? Bom...você é obrigado a lidar com essas criaturas chamadas de médicos, mas que gostam de ser referidas como "doutores", espécie mais esnobe e prepotente a habitar o planeta Terra.

Antropólagos, psicólogos, sociólogos e psiquiatras ainda não tem a resposta que mais anseiam desde o nascimento de suas respectivas áreas de conhecimento: por que indivíduos aparentemente normais, quando se formam em Medicina, desenvolvem transtornos esquiziofrênicos-alucinóginos de personalidade, e acham que são semi-deuses acima do bem e do mal?

Duvida? Vamos lá, meu amigo e minha amiga. Situação 1. Renovação de carteira de motorista. Depois de toda a papelada xerocada mostrada ao atendente, e setecentas e noventa nove assinaturas mais tarde, é hora do exame médico. Entro no consultório improvisado, e sou recebido com um acolhedor "fecha a porta". Assim mesmo. Ríspido e sem "por favor". Claro, pedir favor não combina com pessoas tão inteligentes como médicos. Pra quê? Enfim...depois de tamanha simpatia, fui logo indo me sentar e começar a puxar papo com um costumeiro "tudo bem?". Absurdo na visão do doutor! Quem é que faz isso, não é mesmo? Rapidamente, já foi avisando: "Fica em pé mesmo! O primeiro exame é em pé!". Gente! Pra que conversar com pacientes, claro, essa raça imprestável que não faz mais nada além de aborrecer médicos?! Havia me esquecido de que em faculdades de medicina existe uma matéria mais importante do que anatomia: me refiro a Princípios do Atendimento Sofrível - Colocando o Paciente Em Seu Devido Lugar. O resto da consulta se desenrolou de forma parecida, e foi tudo tão constrangedor e absurdo, que não vou me alongar por aqui. Fato é que essa foi a primeira vez que tive que pagar sessenta reais pra ser tratado como lixo.

Situação número 2, minha amiga dona-de-casa. Consulta marcada com oftalmologista. Eu, essa pessoa ingênua, chego à clínica na hora marcada pelas secretárias. Um tolo. Não aprendo com erros passados e, aparentemente, nunca irei. Ainda vou ter que esperar um pouco. Situação corriqueira, logo penso. Mas, nada iria me preparar para o que viria a seguir. Me sento no sofá, e bem na frente uma TV de 799 polegadas (ou mais) sintonizada na Globo. Olho de um lado, de outro, e nada de revistas. E...meu mundo quase desaba...esqueci o Ipod. Abraço meu destino ali: vou ter que assistir a incrível programação vespertina da Globo. A tortura começa com metade de Matilda, incrível presente de Denny De Vito para a Humanidade. Um dos poucos filmes que me deu vontade de jogar o objeto mais próximo na TV. Uma hora se passou e sobrevivi...por pouco. A prova de fogo ainda viria logo a seguir, algo que não desejo nem para Hugo Chávez ou Kim Jong-II: um episódio inteiro de Malhação. Agonizei por quarenta minutos...ou seria mais? Perde-se a noçao do tempo quando você começa a delirar de tédio, ou quando o seu cérebro não é estimulado de forma normal. Quando eu pensava que o pior havia passado, e com a aparência morimbunda-zumbi, fui obrigado a assistir mais vinte mintos de Escrito nas Estrelas. Claro que com o meu recente estado vegetativo, não tive muito que assimilar. Tive sorte, porém, de ouvir meu nome, quase duas horas depois: finalmente, era chegado o momento.

Dessa vez, fui convidado a me sentar, e ainda fui questionado sobre o meu bem estar. Aparentemente, esse especimen de médico é mais gentil. O grande problema é que fiquei ali não mais do que cinco minutos, tempo nada proporcional ao que tive que esperar.

Acredito que na visão dos doutores não existe nada de muito importante e interessante na vida desses pobres mortais, os seus pacientes. Então, que esperem, e percam uma tarde inteira de suas vidas em salas de esperas com televisores ligados no que de pior existe. E, se existir situação mais irritante do que essa, me digam que eu mudo aí meu Top 5 em um instante.

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