quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

R.I.P: Orkut

Morreu na manhã de 15 de Dezembro, meu perfil no Orkut. Ele já vinha agonizando há mais ou menos um ano, como consequência de uma falta absoluta de sentido, e mantido vivo apenas por insistência do seu dono.

Obviamente, nem sempre as coisas foram assim. Em meados de 2004, quando o propósito do Orkut ainda estava internalizado de forma bastante eficiente nos usuários, a conta nesse site de relacionamento ajudou a encontrar pessoas que eu não via há muito tempo, parentes perdidos pelo país e, o mais bacana pelo menos para mim, aproximar pessoas com interesses em comum. Era a época de ouro. Além disso tudo, Orkut ainda dava a oportunidade de você se expressar, seja dando as suas opiniões em milhares de comunidades, ou criando o seu perfil da forma como você quisesse (usando fotos, vídeos, frases...).

Mas...depois de um certo tempo, algo de estranho começou a acontecer. Aqueles amigos da época do seu primeiro grau (e que você ficou super animado de ter "voltado" a ter "contato") não fizeram nada além de trocar dois scraps com você. De repente, as pessoas preferiram um recado no Orkut a um telefonema. Os usuários começaram a levar tudo a sério demais, e muitos até ofendidos se você, sei lá, "invadisse" o perfil. Regras mais rigorosas do que as militares em comunidades. Era a virtualização do vida real.

Numa escala ainda maior, as coisas começaram a piorar quando o Orkut virou uma projeção do que os seus usuários gostariam de ser em suas vidas reais um tanto medíocres. Foi aí que o Orkut se transformou, basicamente, em duas coisas: um concurso de beleza e uma espécie de revista Caras para os meros mortais. Era uma invasão de albuns egocêntricos (com as melhores meia dúzia de fotos da vida da pessoa,diga-se de passgem), criação de tópicos completamente inúteis com jogos do naipe "quem é o mais bonito da página", uma competição de quem tinha e conhecia mais amigos, comunidades que reuniam pessoas totalmente esnobes....enfim, uma ilusão da vida real. Todos queriam enxergar suas vidas e das outras atrvés do buraquinho na porta que virou o Orkut.

E isso tudo me cansou. E o cansaço me venceu. Tudo o que eu poderia fazer nesse site, já fiz. Pesoas que eu tinha que conhecer, já conheci. Não quero mais ficar parecendo cool e inteligente em uma página da internet porque, simplesmente, eu não preciso ser assim para mais ninguém, além de mim mesmo. A outra razão é que, sinceramente, quase ninguém se importa também (mas acreditar nisso seriamente é muito niilista da minha parte). Buscar algo que falta na sua vida real no virtual não traz nada além de ansiedade e frustração.

Então, a partir de agora, vou falar mais pessoalmente com as pessoas. Vou receber mais telefonemas no meu aniversário. Vou ler mais, assistir mais filmes e escrever mais.

E se eu continuar essa minha evolução, quem sabe eu não exclua, também, Facebook, LastFM, Filmow, dois blogs ignorados e consiga ser finalmente livre dessa vida virtual tão enfadonha?

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