segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Avatar


Sabe aquela sensação de que você viu algo pela primeira vez na sua vida? Do tipo quando olha a imensidão do mar quando era pequeno? Ou a textura e cor da neve? Então, foi algo mais ou menos desse tipo que senti ao assistir Avatar em 3D.

Fiquei lembrando os momentos de breve encantamento como esses, ao ficar encarando aquelas samambaias, flechas e plumas que insistiam em sair da tela. Veja bem, eu já perdi a conta de quantas vezes eu já entrei em uma sala de cinema em toda a minha vida. E em todas elas, as imagens projetadas na tela sempre foram as mesmas: o familiar 2D de sempre. É algo quase automático no ritual de se ir ao cinema. Você senta na poltrona, as luzes apagam e o filme começa a se desenrolar na telona. Não existe mais nada a se fazer. É algo relativamente passivo.

Mas não com Avatar. O ritual foi quebrado. A minha supresa foi enorme quando ação se desenrolou nas florestas de Pandora. Pela primeira vez em toda a minha história em salas de cinema, pude experienciar um filme de uma forma diferente: eu via as coisas além da tela. Eu ria e apontava as coisas como se tivesse oito anos de idade. Foi quase constrangedor.

E esse é o basicamente o grande trunfo de Avatar: o de provocar esses sentimentos ao mesmo tempo quando se vai a uma sala de cinema. Aliás, para que o filme seja uma experiência no mínimo relevante, tem que ser assistido em 3D. Sem essa técnica, não é nada além de mais um na grande pilha de filmes de ação/aventura que Hollywood produz em série a cada ano.

Acredito que James Cameron estava tão concentrado em criar essa nova tecnologia, que não deu muita atenção ao enredo. É tudo muito simples, e sem querer parecer esnobe, a trama mais parece saída de um jogo da série Final Fantasy (com direito a um "escolhido" e tudo o mais). O roteiro é de um didatismo (videoblogs pra explicar tudo?) e imediatismo, que você se pergunta o que diabos aconteceu com o cara que escreveu coisas bacanas como Exterminador do Futuro e Titanic. Mas o pior são os personagens rasos, rasos. Tem de tudo: o empresário inescrupuloso e sem sentimentos; o sargento durão e fodão; Michelle Rodriguez fazendo o seu papel de sempre e o herói procurando redenção. Tudo rápido e sem muito desenvolvimento pra que a ação se desenrole logo em Pandora.

Mas, aí você coloca os óculos 3D, e aquelas imagens simplesmente fantásticas te fazem esquecer tudo isso. E Avatar se torna inesquecível.


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