terça-feira, 16 de março de 2010

Cat Power - Juke Box

Eu só queria escrever isso:"faça um favor a você mesmo e escute esse CD". Mas eu achei que eu deveria ser um tanto mais persuasivo com os meus...errr...sete leitores. Então, vamos lá:

Cat Power. Não reconhece o nome? Foi o que a cantora americana Chan Marshall usou como pseudônimo durante toda a sua carreira. Filha de pianista, ainda quase adolescente mudou-se para Nova Iorque para tentar a sorte com a música. Conseguiu um contrato em 1995, depois de abrir shows de outra americana. Liz Phair. Desse tempo pra cá, lançou oito albúns (sendo dois deles coletâneas de covers), se envolveu em uma série de problemas de saúde mental e física (já teve depressão profunda e alcoolismo) e até mesmo de aceitação (quase desiste de tudo para virar...babá!).

Pessoalmente, não gosto muito da Chan do começo de carreira. Aliás, demorou até que ela se tornasse uma das minhas cantoras favoritas. O fato é que Cat Power dos Dear Sir, Myra Lee, What Would the Community Think é indie demais para o meu gosto. É basicamente Chan, uma guitarra e sua voz inconfundivelmente rouca susurrando suas dores para o mundo. E só. Já o som do You Are Free é um pouco mais elaborado e menos restrito ao pessoal underground apreciador de músicas estranhas. Mas é The Greatest o grande divisor de águas na carreira da cantora. Com a adição de uma banda excepcional, e uma pegada mais para o soul, Cat Power cai nas graças da crítica e, pela primeira vez, do público. Depois disso, seguiu-se o básico de quem consegue um pouco de fama: fez ponta em um filme (My Blueberry Nights, em que Norah Jones é a protagonista) e músicas em trilhas sonoras (Juno fez toda menina chorar quase no final do filme, com a Sea of Love).

Entretanto, o que Chan Marshall faz de melhor mesmo é covers. De forma tal que quase supera as originais. Prova disso é o The Jukebox, album de regravações lançado em 2008. Vá direto para a segunda faixa e se supreenda com a New York da Chan. Irreconhecível e sensacional. Ramblin (Wo)Man é melhor, mas muito melhor do que Ramblin' Man, dos Allman Brothers. O conjunto voz-piano-bateria-guitarras-distorcidas fazem Metal Heart a melhor do CD. Aretha, Sing One For Me fica irresistível na versão Cat Power. E, de quebra, Chan declara todo o seu amor a Bob Dylan em Song to Bobby.

Obrigatório. Uma amostra da música que não sai da cabeça:


E eu nem vou comentar de supostos shows dela esse ano porque isso é doloroso demais pra pessoas que moram em cidades excluidas geograficamente.

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