segunda-feira, 8 de março de 2010

Masculinidade ferida

Aconteceu da seguinte forma: eis que eu me dirigia a um clube localizado próximo a minha casa (leia-se: do lado) para pedir umas informações a cerca de exercícios físicos (em outras palavras, qualquer coisa que me fizesse sair dessa vida sedentária que se alastra por mais de seis meses) quando, de repente, uma moça me para e diz: "Oi, tudo bem?".

"Uau", pensei, "devo estar particularmente gatíssimo hoje, com essa calça de moleton e cabelos despenteados, para ser abordado, assim, por moçoilas total random na rua". Mãããããããss.....não! Ela não queria me convidar para um noite de sexo sel-va-gem, como eu estava imaginando. Pelo contrário, na verdade ela queria que eu ajudasse uma outra moça que, sabe-se Deus por quanto tempo, tentava de todas as formas possíveis trocar o pneu do carro.

Fiz toda a linguagem corporal macho-alfa possível: estufei o peito, levantei os ombros e coloquei a máscara mecânico-saca-tudo-de-carro-ok. Detalhe importantíssimo: nunca troquei um pneu na minha vida. Serião! Em quase seis anos dirigindo, jamais fui agraciado pela sorte do destino e pelas forças cósmicas-religiosas que regem o caos do trânsito de Boiânia com um pneu furado. Fazer o que? Eu não podia simplesmente negar a ajuda a não apenas uma, mas duas moças indefesas e ir embora.

Fui lá. O grande problema, ao que tudo indicava (olha o especialista), eram os parafusos. Eles simplesmente se recusavam a desenroscar da roda. Fiz de tudo. Empurrei com o troço lá que eu esqueci o nome (mentira, nem sei...veja o nível do profissional) pra todos os lados, com o pé, usei o peso do meu (finíssimo) corpo...e as porcarias não se moveram um centímetro. Estava quase usando a força da minha mente quando, do nada, aparece um outro cara pra ajudar as moças e, claro, o imprestável daquele cara que, obviamente, não estava conseguindo trocar um mísero pneu.

E o moço tomou conta da situação como um verdadeiro PHD em borracharia. Nunca vi tamanha destreza. Mas, a excepcional habilidade não parecia ser o suficiente para aqueles parafusos. Sentindo cada vez mais que a minha presença ali era um tanto quanto dispensável, avisei à moça que eu "só iria ali rapidinho pedir umas insformações, mas que já voltava". Isso porque posso ser inútil, mas tenho que manter a pose, óbvio.

Sentindo pena de mim mesmo, e sem interrupções, cheguei, finalmente, ao clube e fiquei lá um tempinho pedindo as informações que eu queria. Na volta, as moças ainda estavam lá junto com o doutor em mecânica e mais um outro cara! A roda defeituosa estava no chão e o rapaz misterioso estava terminando de colocar o último parafuso. Situação sob controle. Perguntei pra moça se ela precisava de alguma coisa (como eu sou prestativo, veja só) e fui-me embora com a sensação de dever masculino cumprido...not!

Enfim...conclusão de tudo isso: além de uma vergonha social, agora sou uma vergonha matrimonial. Eu estou fadado a ser o amante para o resto da minha vida. Eu não posso casar. Não sei trocar lâmpadas, não sei consertar o chuveiro, não sei pendurar quadros, não sei trocar pneus e nunca vou ter dinheiro.
Carreira eclesiástica, de repente, parece promissora.



5 comentários:

Unknown disse...

eu ri.

Gabriel Leite disse...

Você ainda foi corajoso demais a ponto de ir tentar resolver o problema. Se fosse eu, inventava qualquer desculpa de macho-alfa, tipo "Agora não posso, porque deixei minha albumina na frigideira" E manteria minha pose.

Unknown disse...

Adorei!!!!E tem mais: eu casava com o amante e contratava um Jarbas para fazer toda a manutenção.....rsrsrs

Luiza Terpins disse...

Mas mesmo sem saber trocar um pneu, vc topou tentar! Veja isso como uma qualidade...haha! :P

Adriana Gehlen disse...

hahahahahhahhhaaha

demais.

casa comigo, sei fazer tudo isso. (mebora nunca tenha trocado um pneu)
andemos de ônibus.