terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Brilho Eterno


É a última vez que irão se ver. Na manhã seguinte, não vão se lembrar de mais nada. Vão se cruzar na rua como se fossem estranhos. Não vão ter nenhuma lembrança da história que viveram juntos. É como se nada tivesse acontecido.

Isso porque Clementine apagou Joel da sua memória, e ele, por vingança, resolveu fazer o mesmo. Mas se arrependeram no meio do caminho. Finalmente perceberam que são as memórias felizes, aquelas em menor quantidade mesmo (ênfase no "mesmo") que importam, mesmo que estejam em larga desvantagem quando comparadas com as ruins. São elas que nos definem. São por elas que acordamos todo dia e fazemos tudo. Em direção a elas que dirigimos.

Mas, não existe escapatória. Joel e Clementine tentaram, de todas as formas, fugir do esquecimento inevitável a que se colocaram. Nada funcionou. Tudo o que resta a eles, agora, é essa última memória.

Estão juntos na praia onde, ironia do destino, se viram pela primeira vez. Clementine, consciente de que esse será o último encontro, pergunta o que eles irão fazer. Joel simplesmente responde: "Nós aproveitamos".

É assim que filmes aparentemente sem importância se tornam o seus favoritos. Se você já passou por uma situação pelo menos minimamente parecida, ter um último momento com uma pessoa que você não irá ver mais, toda a cena ganha todo um significado diferente e pessoal.

É como se filmes fossem um espelho de uma realidade paralela. É se enxergar por atitudes de personagens que poderiam muito bem ser você ou alguém conhecido. E é, por essas e outras, que nenhum crítico de cinema vai te convencer de que esse ou aquele filme que você tanto gosta não passa de uma enganação, clichê, versão piorada de outro título, ou qualquer outra coisa insignificante dita por alguém que se separa, completamente e de forma esquiziofrência, de seus sentimentos ao assistir um filme.

A cena:

3 comentários:

Tyler Bazz disse...

"ter um último momento com uma pessoa que você não irá ver mais, toda a cena ganha todo um significado diferente e pessoal."

Muito, muito mesmo!


Nunca consegui ver esse filme.. ://

Anônimo disse...

Entendo perfeitamente essa idéia do filme ser uma realidade paralela, toda despedida real tem um pouco do brilho eterno de uma mente sem lembranças, você não quer lembrar, apagaria, se pudesse, tudo que passou que te deprimirá ao lembrar.
Enfim, até dentro dos próprios filmes existem outros paralelismos. A imaginação é mágica.:*

Luiza Terpins disse...

Esse filme é sensacional...já vi umas três vezes e, mesmo assim, sempre me surpreendo.