
Fiquei lembrando os momentos de breve encantamento como esses, ao ficar encarando aquelas samambaias, flechas e plumas que insistiam em sair da tela. Veja bem, eu já perdi a conta de quantas vezes eu já entrei em uma sala de cinema em toda a minha vida. E em todas elas, as imagens projetadas na tela sempre foram as mesmas: o familiar 2D de sempre. É algo quase automático no ritual de se ir ao cinema. Você senta na poltrona, as luzes apagam e o filme começa a se desenrolar na telona. Não existe mais nada a se fazer. É algo relativamente passivo.
Mas não com Avatar. O ritual foi quebrado. A minha supresa foi enorme quando ação se desenrolou nas florestas de Pandora. Pela primeira vez em toda a minha história em salas de cinema, pude experienciar um filme de uma forma diferente: eu via as coisas além da tela. Eu ria e apontava as coisas como se tivesse oito anos de idade. Foi quase constrangedor.
E esse é o basicamente o grande trunfo de Avatar: o de provocar esses sentimentos ao mesmo tempo quando se vai a uma sala de cinema. Aliás, para que o filme seja uma experiência no mínimo relevante, tem que ser assistido em 3D. Sem essa técnica, não é nada além de mais um na grande pilha de filmes de ação/aventura que Hollywood produz em série a cada ano.
Acredito que James Cameron estava tão concentrado em criar essa nova tecnologia, que não deu muita atenção ao enredo. É tudo muito simples, e sem querer parecer esnobe, a trama mais parece saída de um jogo da série Final Fantasy (com direito a um "escolhido" e tudo o mais). O roteiro é de um didatismo (videoblogs pra explicar tudo?) e imediatismo, que você se pergunta o que diabos aconteceu com o cara que escreveu coisas bacanas como Exterminador do Futuro e Titanic. Mas o pior são os personagens rasos, rasos. Tem de tudo: o empresário inescrupuloso e sem sentimentos; o sargento durão e fodão; Michelle Rodriguez fazendo o seu papel de sempre e o herói procurando redenção. Tudo rápido e sem muito desenvolvimento pra que a ação se desenrole logo em Pandora.
Mas, aí você coloca os óculos 3D, e aquelas imagens simplesmente fantásticas te fazem esquecer tudo isso. E Avatar se torna inesquecível.